Quantas pessoas morreram no Massacre de Ipatinga, o conflito entre metalúrgicos da Usiminas e soldados da Polícia Militar de Minas ocorrido em 7 de outubro de 1963, no Vale do Aço? Oficialmente, oito.
Porém, uma nova dúvida sobre os números oficiais foi lançada pelo jornalista Marcelo Freitas no livro “Não foi por acaso”. O autor localizou em Belo Horizonte e Itapetinga, no interior da Bahia, parentes de pessoas que desapareceram naquele dia e de quem até hoje procuram informações sobre o que teria ocorrido com elas.
O livro traz também o relato do motorista da Usiminas que, no dia 8 de outubro de 1963, buscou, na funerária da Santa Casa de Misericórdia, em Belo Horizonte, 32 caixões, que foram deixados no almoxarifado da empresa.
“Não foi por acaso” é uma das mais extensas pesquisas já realizadas sobre o assunto. Em sua investigação, o autor foi atrás de pessoas que testemunharam aquele acontecimento, localizou parentes das pessoas que morreram, pesquisou documentos oficiais da empresa e da polícia e vasculhou arquivos de jornais e cartórios de registros de óbitos da região do Vale do Aço.
A investigação foi conduzida em quatro etapas. A primeira foi em 1988, quando Marcelo Freitas era repórter do Jornal “Hoje em Dia”, de Belo Horizonte. A segunda etapa foi em 2003, quando o autor era repórter do jornal “Estado de Minas”. Em 2004 e 2005, Marcelo Freitas trabalhou o tema no mestrado em Ciências Sociais da PUC Minas, em pesquisa financiada pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Governo Federal.
Em 2006 e 2007, o autor concentrou sua atenção na busca de informações sobre a polêmica em torno do número de mortos. Para isso, nessa última etapa, entrevistou médicos e enfermeiros de hospitais da região do Vale do Aço em 1963, até localizar os parentes dos dois trabalhadores que estão desaparecidos até hoje.
Marcelo Freitas é jornalista profissional. Trabalhou nos jornais “Diário do Comércio”, “Hoje em Dia”, “O Tempo” e “Estado de Minas”, todos de Belo Horizonte. Em 2001, recebeu os prêmios Líbero Badaró e Esso Regional Sudeste. Atualmente, é professor do curso de Jornalismo da Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte, onde também coordena o Laboratório de Jornalismo Impresso.
Mais informações: Comunicação de Fato Editora (31) 2511-6089