Os moradores da pacata cidade de Rio Acima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, têm muito do que se orgulhar. A cidade já foi citada em livros por dois grandes escritores mineiros: Pedro Nava e Fernando Sabino.
Em Em Baú de Ossos, de Pedro Nava, Rio Acima é o centro de um círculo que começava e terminava em Queluz. O Grande Mentecapto, de Fernando Sabino, conta a história de Geraldo Viramundo, que nasceu em Rio Acima e ficou desolado quando viu um amigo morrer atropelado pelo trem que corta a cidade.
No mundo real, ou seja, que não o da literatura, Rio Acima foi um importante município minerador durante o Ciclo do Ouro e, no século passado, chegou a ter grandes indústrias.
Resgatar um pouco do que foi a história de Rio Acima e da região Central de Minas é o objetivo do livro Rio Acima – Fragmentos da História de Minas, do economista e cidadão rioacimensse Antônio Nahas Júnior.
Rico em detalhes, o livro mostra como eram as regras da mineração durante o Ciclo do Ouro e como foram as viagens dos imperadores D. Pedro I e D. Pedro II à região Central de Minas durante o Império. Por conta de questões relacionadas ao contexto político da época, os imperadores foram submetidos a vários constrangimentos durante suas visitas a Minas, que o livro revela em detalhes.
Rio Acima – Fragmentos da História de Minas reconstitui também aspectos pouco conhecidos da presença da Igreja Católica nos municípios mineiros nos primeiros séculos da história do Brasil.
Exemplo disso é o papel que exercia de repressora das relações sexuais e afetivas mantidas fora do sacramento do matrimônio. A apuração das denúncias e punição dos que mantinham tais práticas se dava por ocasião das visitas pastorais feitas às paróquias pelas altas autoridades da Igreja em Minas.
No século 20, o livro de Antônio Nahas descreve a saga do empresário e ex-prefeito de Belo Horizonte, Américo René Gianetti, um dos pioneiros da industrialização em Rio Acima, e que foi à falência porque ousou desafiar os grandes produtores mundiais de alumínio.
O livro é fruto de uma pesquisa de três anos feita por Antônio Nahas, que vasculhou a história de Rio Acima em locais tão diversos quanto a Cúria Metropolitana de Belo Horizonte, o Arquivo Público Mineiro, a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e a Biblioteca Mineiriana, além de colher depoimentos de pessoas que influenciaram decisivamente a realidade do município.
Sobre o autor
Natural de Rio Acima, Antônio Nahas Júnior já publicou, anteriormente, Homens em Série, sobre a história do município de Ipatinga, no Vale do Aço. É também autor de inúmeros artigos técnicos, publicados em revistas especializadas, além de ter exercido o jornalismo no jornal alternativo Em Tempo, durante a ditadura. Ocupou diversos cargos em universidades federais, governo do Estado e nas prefeituras de Ipatinga e Belo Horizonte. Atualmente, é coordenador geral da empresa de consultoria NMC Projetos e Consultoria.