O jornalista João Paulo Cunha, editor do suplemento “`Pensar”, do jornal “Estado de Minas”, lança, neste sábado, 18, a partir de 10h, na livraria Mineiriana (Rua Paraiba, 1419, Savassi), o livro “Em busca do tempo presente”, uma seleção dos ensaios que ele publica no “Pensar” semanalmente.
No livro, João Paulo critica o desvirtuamento da política, o consumismo desenfreado, a desagregação dos valores morais. Ao mesmo tempo, aponta as possíveis saídas para a crise que coloca em dúvida o real sentido da natureza humana.
O livro tem prefácio da historiadora Lucília de Almeida Neves Delgado, que se confessa uma leitora habitual dos textos de João Paulo e assim define seu trabalho.
“Humanista, no sentido mais largo da palavra, sintetiza em si não as certezas estanques que são estéreis, mas sim convicções que estão embasadas nos melhores valores da ética, da solidariedade, da justiça, da liberdade, da igualdade de oportunidades, da democracia inclusiva e dos direitos e deveres da cidadania”
O livro acaba com a barreira que separa o texto acadêmico do texto jornalístico. Enquanto o primeiro costuma ser de difícil compreensão por parte dos leitores comuns, que não tiveram acesso às idéias dos grandes pensadores, o texto jornalístico tem, por obrigação, ser de fácil entendimento, tanto pelos eruditos quanto pelos menos intelectualizados. João Paulo Cunha atende bem aos dois públicos.
Quem acompanha seus ensaios, sabe que erudição não é sinônimo de hermetismo. Sabe que é possível escrever, por exemplo, sobre as ideias de Nietzsche, Platão ou Heidegger de um jeito que todos possam entender e extrair dali suas lições de vida. Algumas ideias de João Paulo:
Velhice e morte
Velhice e morte são tabus. O que nosso tempo tem feito, de forma indecente, é desdramatizar os tabus, dando a eles uma solução prática. A velhice é nosso horizonte inescapável.
Mas não deve ser vista como um limite de sofrimentos necessários nem de fracasso do destino. Um mundo que não gosta de velhos é, por definição, cruel com os homens.
Beleza
Olhar a beleza da alma não é fácil. Apaixonar-se pela harmonia do espírito não é dom que todos compartilhamos. Mas o exercício de aperfeiçoamento passa pela forma humilde de tentar enxergar no outro o que determina seu potencial de humanidade. Malhar o corpo é fácil. Difícil mesmo é ter um espírito de tanquinho.
Morte
O homem comum, quando morre, não deixa dinheiro, nem herança de ódios. Costuma deixar tristeza, o sentimento de que algo ainda havia a ser feito. Ele se completa, na sua finitude, na memória dos que o amaram.
Moderno e pós-moderno
Na modernidade, a política debate as normas fundamentais; na pós-modernidade trata-se de políticas particulares, tecnicamente orientadas; o moderno defende a legalidade e a legitimidade, o pós-moderno, a eficácia e a operacionalidade da norma; no mundo moderno vive o povo, no pós-moderno os indivíduos; as ciências sociais modernas são geradoras de conhecimento, as pós-modernas criam ferramentas de gestão; para o homem moderno, a história é uma criação que se realiza, para o pós-moderno um destino ao qual nos adaptamos.
Haiti
Foi a falta de amizade que gerou a miséria no Haiti. Só a amizade pode salvá-lo agora. E pode resgatar o sentido da vida não apenas ao país destruído pela tragédia da natureza e inimizades da história. O mundo, como sonharam os iluministas, ou será um território de amigos ou não será. O futuro será uma praça ou um shopping. A escolha é urgente.