Professor da UFMG lança livro com metodologia para provar que é possível aprender Português sem estudar gramática

Professor da UFMG lança livro com metodologia para provar que é possível aprender Português sem estudar gramática

Gramática nunca mais 2  é o título do mais novo livro do professor de Língua Portuguesa e Linguística da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Luiz Carlos de Assis Rocha. O livro traz nada menos que 270 exercícios que servem de base para professores de Português estruturarem suas aulas e ensinarem a disciplina sem precisar da gramática.

O livro é indicado também para pessoas que querem assimilar a língua padrão sem o uso da gramática. Dividido em 32 capítulos, o livro traz modelos de exercícios sobre acentuação de palavras, uso do hífen, pontuação, crase, conjugação de verbos e também verbos complexos, denominados pelo autor como sendo verbos “com dupla personalidade”, entre vários outros.

Em 2002 o professor lançou Gramática Nunca Mais – O ensino da língua padrão sem o estudo da gramática, no qual apresentava uma alternativa viável ao estudo da língua sem o jugo da gramática, mas que trazia poucos exemplos de exercícios relativos à teoria. O desafio, então, foi fazer um livro com muitos modelos de exercícios, para operacionalizar o conteúdo do volume 1. “E agora, como vamos dar aula?, era a pergunta dos professores ao final da leitura do livro ou ao final das minhas palestras. Eles agora têm o livro, podem usar as atividades expostas e propor outras a partir delas.

Não basta dizer que a gramática é ruim, é preciso propor um método que substitua seu uso”, anuncia o professor, ao salientar, porém, que não é necessário ler o primeiro livro para entender o segundo, pois os capítulos vêm com breves explicações, além da introdução, onde ele resume a teoria exposta no primeiro livro.  

Gramática Nunca Mais 2 apresenta o estudo do Português de uma forma atraente e provocativa, não apenas por causa dos desafios que são apresentados no início de cada lição, mas, principalmente, por causa da versão plug and play dos exercícios. “Não se ensina ninguém a montar a cavalo, a andar de bicicleta ou a dirigir um veículo com explicações teóricas. Aprende-se a andar a cavalo, montando; a andar de bicicleta, pedalando; e a conduzir um veículo, dirigindo”, argumenta o autor na introdução do livro para, na sequência, salientar a importância da presença do professor. “Sua atuação é fundamental para explicar, orientar, esclarecer e, principalmente, para corrigir os exercícios”, acrescenta. 

Gramática é para linguistas e gramáticos!

Luiz Carlos Rocha defende que o Português deve ser aprendido através da prática de exercícios. “99% dos brasileiros não sabem o que é uma oração coordenada sindética nem distinguir um sujeito indeterminado de uma oração sem sujeito”, ressalta, ao explicar que o importante é o estudante fazer muitos exercícios para se habituar e aprender.

A ideia, segundo o autor, é o aluno chegar na sala de aula e fazer exercícios. “Não tem que ficar dando explicação. O aluno já sabe o Português, já tem a gramática internalizada e só tem que adaptá-la ao dialeto padrão. No livro há muitos exercícios, por exemplo, sobre tempos verbais. Só acho que não precisa ficar decorando a nomenclatura. Defendo que a gramática seja estudada profundamente no curso superior de Letras. Ela só faz sentido para linguistas e gramáticos”, aponta. 

A gramática nasceu há dois mil anos com os gregos. “A química, a física, por exemplo, passaram por várias transformações; a gramática não! E ela não dá conta de explicar a língua”, argumenta o autor, explicando que uma lei de 1958 – a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) –  estabelece o que deve ser ensinado na escola. “É uma camisa de força, uma prisão! A NGB foi um atraso.

Ela impediu que a gramática acompanhasse o progresso. A solução para o ensino do Português é não ter nem NGB nem gramática”. No entanto, o professor ressalta que o uso dos exercícios do livro não dispensa o aluno da prática da leitura e da interpretação de textos.

 “Que prazer ou interesse há em estabelecer a diferença entre um pronome pessoal reto e um oblíquo?”, questiona o professor. Ao classificar o estudo da gramática como “profundamente perturbador para o aprendizado” devido ao caráter criptográfico de sua teoria, ele defende que isso acaba infligindo medo e repulsa nos alunos. “É preciso dotar o Português de uma prática realmente eficiente, que leve o aluno ao domínio da língua padrão.

Na vida, só aprendemos algo por interesse ou por prazer”, salienta, alertando para o fato de que os conteúdos apresentados em sala de aula têm que ser atraentes e desafiadores para evitar um dos maiores males da educação brasileira, que é a evasão escolar. “Para que uma disciplina seja atraente e desafiadora, ela precisa ser lógica, compreensiva e racional. Não é o que se dá com a gramática”, observa. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

div#stuning-header .dfd-stuning-header-bg-container {background-image: url(https://comunicacaodefato.com.br/wp-content/uploads/2019/12/banner-1.png);background-size: initial;background-position: center center;background-attachment: initial;background-repeat: repeat;}#stuning-header div.page-title-inner {min-height: 300px;}